sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Diferenças de género


Considero-me uma pessoa que defende a igualdade de género, acredito verdadeiramente que as pessoas devem ser livres de escolher, de decidir aquilo que desejam independentemente de serem mulheres ou homens. Luto mesmo por isto! Por isso, quando me vêem com a aquela história, do "mãe é mãe", do "mãe é só uma", fico sempre com um bocadinho de comichão, porque o mesmo se pode aplicar ao pai.

Mas, é um facto: só nós mulheres ficamos grávidas, só nos os sentimos na nosso útero e somos nós que os trazemos a esta vida. E talvez só nós mulheres fiquemos com o coração verdadeiramente apertado, quando eles não são convidados para um aniversário de um coleguinha, ou quando são os últimos a chegar numa corrida, ou quando choram por ficar na escola, etc.

Posto isto, porque raio nós mães não somos mais unidas, mais solidárias umas com as outras?

Os dias em que os miúdos têm natação são uma loucura, eu pareço uma louca sempre descabelada, a correr com coisas a saltar dos sacos, o Henrique pendurado em mim, enquanto os dispo, visto e lhes dou ordens para se despacharem que a aula já começou. Quando a aula acaba, são os duches, o vestir, secar o cabelo, enfim um caos. Ora, nesta confusão os miúdos por várias vezes deram banho, literalmente banho, a outras mães, avós e quem esteja por perto, porque deixam escapar o sacana do chuveiro e banho a toda a gente, inclusive a mim... E pronto, está o caldo entornado, mães que olham para mim como se eu tivesse acabado de lhes roubar algo ou pior, mães que dizem entre dentes "Não metem mão nos filhos e depois é isto", avós que ficam indignadas pois tinham ido ao cabeleireiro precisamente naquele dia. Ou seja, não se pode dizer que tenha um clube de fãs e nem o facto de ter três filhos lindos, sendo um deles um bebé que se ri para toda gente e o mais fofo que existe me safa... Por isso os dias de natação tornaram-se ainda mais difíceis.

Com as férias do Natal tivemos uma pausa forçada de cerca de três semanas, nestas semanas imaginei as outras mães, felizes e aliviadas porque nós não estávamos, imaginei que naqueles balneários reinava a paz, o silêncio e os risos alegres... E essas mães com uma ausência tão grande certamente estariam a especular que nós não regressaríamos. Eu confesso, que pensei infinitamente nesta possibilidade, seria muito mais fácil para mim mas, depois coloquei-me no outro lado e consegui perceber que a frequência com que os tais banhos estavam a acontecer não era aceitável... Então, decidi que os meus filhos estavam proibidos de tocar no "sacana" do chuveiro e que o meu único objectivo seria que passassem apenas o corpo por água e já estava o banho tomado e mais importante que isso, eu iria encarar as minhas inimigas de frente...

O que fiz foi do fundo da minha alma e com todo o sentimento, desejei bom ano aquelas mães. Nesse instante, senti que estávamos ligadas que ambas tínhamos cedido e percebido que afinal somos só mães e que muitas vezes estamos cansadas, exaustas e que, se pelo menos nos sentirmos compreendidas e apoiadas somos capazes de tudo!