terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Rumo ao Alqueva: entre cafés e uma surpresa

Gostamos de parar para café. É pelo hábito do café, mas, quase inconscientemente, é também uma forma observar e sentir o local. Ver e ouvir as pessoas que ali fazem rotina apura-nos a sensibilidade sobre os traços locais. Na paragem para café constrói-se a memória futura do sítio, através dos pequenos pormenores que se observa, ouve e cheira. Pequenas conversas com curiosos por vezes abrem abrem um mundo de história. Parar para café é uma forma de, em 5 minutos, perscrutar o passado e a envolvência do sítio por onde se passa.

Não sei explicar bem, mas estas impressões recolhidas na paragem para café parecem ser mais apuradas quando se vai de bicicleta. Acho que por um lado tem a ver com transição mais directa do veículo em que nos deslocamos para o local onde vamos parar. Ao chegar de bicicleta, já estamos a ouvir, cheirar e ver o local, sem obstáculos. A possibilidade de estacionar o veículo mesmo em frente ao local onde vamos parar (como acontece com os carros, mas só nos filmes) também ajuda a essa transição mais suave. A redoma do automóvel coloca uma barreira a estas sensações iniciais, e em muitos locais comporta a ansiedade da procura de estacionamento. Por estes motivos, diria que a bicicleta enaltece ainda mais a experiência do parar para café.

Depois de levantarmos o acampamento, pedalámos 5 km até Oriola, uma simpática aldeia na margem da barragem do Alvito. Fomos ver o local, fazer compras, e beber café. Parámos num supermercado daqueles que têm um pouco de tudo, desde objetos de decoração para a casa que parecem ter estado a decorar o supermercado ao longo da última era, até um balcão e mesas para café à saída. O senhor do estabelecimento fazia tudo, entre a caixa do supermercado, serviço no balcão dos queijos e enchidos, e atendimento no café. Era uma manhã de Sábado de Verão e havia clientela para os vários serviços. Enquanto esperávamos, aproveitámos para perscrutar o local. O Vasco, lá fora no Croozer, aproveitava para pôr o sono em dia. Apesar de não termos visibilidade direta para as bicicletas, a presença constante dos locais deu-nos confiança suficiente para o deixar lá fora.

Depois pusémo-nos a caminho de Portel, a 14 km, onde iríamos almoçar. É mais uma vila alentejana bonita, onde demos uma volta, visitámos o castelo, o museu local e parámos para mais um café e bolos locais.

Museu da Freguesia - Portel
Castelo de Portel

Faltavam mais 20 km até à Amieira, uma aldeia encostada ao Alqueva que por acaso também é o principal ponto de turismo da grande albufeira. Não ia ser uma viagem completamente tranquila, tendo em conta o tempo que tínhamos para encontrar um local para dormir antes do anoitecer. Percorrê-mo-lo de uma vez. Fazer este tipo de distância a uma média de 15 km/h nem sempre era fácil por causa da possibilidade dos miúdos se aborrecerem ou terem outras necessidades. Mas tudo se tornava mais simples quando eles adormeciam, o que normalmente é trigo limpo quando são embalados pelo Croozer. Eles adormecerem em viagem é um dois em um: uma viagem tranquila para os pais, e uma sesta repousante para os filhos.


Estrada R384- à sombra a descansar um pouco da subida...

Chegados à Amieira, parámos para comer e inquirir os locais acerca de sítios para pernoitar. Fomos tratados como reis pelo dono do estabelecimento, apesar de não ter propriamente coisas para lanchar, apenas "petiscos". Enquanto o Manuel e o Vasco comiam avidamente um prato de caracóis, um senhor da terra de ar muito humilde meteu conversa e acabou por nos ir contando uma versão muito interessante sobre os traços da Amieira, o seu povo, e o impacte que teve a barragem do Alqueva. Ao perguntar-lhe por um caminho em particular, explicou-me que poderia ter cercas pelo caminho a tapá-lo, mas que ninguém levava a mal se as abrirmos para passar. Soubéssemos isto antes, e talvez tivéssemos mesmo atravessado aquelas cercas da Ribeira de S. Brissos!

Disseram-nos que lá para baixo, junto à água, por vezes havia malta a acampar, e fomos a isso. Estávamos cansados e era perto do anoitecer. A busca de um local para ficar foi um pouco stressante. Demos algumas voltas à procura, e a partir de uma ponte vimos um local que parecia interessante numa das línguas de terra que invadem a água. Quando fomos para essa zona, ao longo de caminhos de terra em más condições, estava difícil de encontrar o local desejado, e os outros não pareciam tão apelativos. Os miúdos estavam muito cansados e queriam parar, até que decidimos deixá-los ir tomar banho no rio enquanto eu prossegui a procura. Finalmente encontrei e, apesar da fadiga, decidimos mudar de local. O sítio era perfeito, e só nos apercebemos completamente disso depois de instalados. Uma praia com pouca inclinação, bom piso para a tenda e uma visão muito bonita. Era tão bom, mas ao mesmo tempo muito diferente, do local da noite anterior na barragem do Alvito. E desta vez foi o nosso hotel de 6 estrelas tinha mesmo estacionamento à porta, porque foi fácil levar as bicicletas até à margem. Como no dia anterior, o Manuel e o Vasco brincavam junto à água ao mesmo tempo que eu e a Filipa preparávamos as coisas.

Na albufeira do Alqueva, próximo da Amieira

Depois do jantar, mesmo antes de ir para a tenda, tivemos uma visita surpreendente. O terreno para além da área onde a água chega é totalmente preenchido por uma vegetação loura e suave que dá quase pela cintura, e que o luar iluminava ligeiramente. Enquanto conversava com o Manuel, a Filipa diz-me assustada que havia uns olhos no meio da vegetação. Primeiro olhei e pensei que fosse impressão dela porque não vi nada, mas passado um pouco vejo mesmo algo a mexer entre a vegetação, por trás das bicicletas. Era um corpo delgado com quatro patas... "É um gato!" A Filipa e o seu medo compulsivo de animais correram com o Vasco para dentro da tenda. "Saiam daí!!" "Mas é só um gato!" Observei melhor... O focinho que tinha uns olhos brilhantes a olhar para nós, parecia afinal ter a forma de outro animal. "Afinal é um cão..." Naquele instante, com o Manuel ao meu lado, meio entusiasmado e meio indeciso em alinhar pelo o ar despreocupado do pai ou o medo da mãe, tive um certo receio. O que faria ali um cão? Atrás dele virá uma matilha? Apontei-lhe a lanterna. Tinha uma cauda gigante e peluda e orelhas grandes. Era uma raposa!

Sempre ouvi dizer que as raposas eram matreiras e atrevidas. Esta aproximava-se de nós aos esses, entre a folhagem, até que chegou muito perto de nós. O Manuel eu estávamos excitados. Depois desapareceu com os nossos movimentos. Fomos para a tenda. Vestimos os pijamas, e voltei a abrir a porta da tenda. Suspeitava que ela voltasse, e tinha mesmo voltado. Ficámos a olhar. Procurava comida. Consegui tirar-lhe fotografias.
A raposa

Aos 3 anos o Manuel viu pela primeira vez uma raposa ao vivo... ao mesmo tempo que eu, aos 32. Olhando para trás vejo este momento como um privilégio para ele, proporcionado por esta viagem maravilhosa. Quanto à Filipa, é surpreendente a coragem que teve para a fazer, acampando em sítios como este, tendo em conta o seu pequeno trauma com animais. Para ela foi um desafio superado. As bicicletas, do outro lado da tenda, esperavam para nos levar no dia seguinte.

O dia seguinte foi para descansar das emoções da noite anterior, usufruir das paisagens, da albufeira e também da comida da zona da Amieira. Soube mesmo bem!

Paragem para café. Manuel aproveita para ver televisão, com menina local
Construindo a "piscina"


Passeio de barco na albufeira do Alqueva

Restaurante "O Aficionado", na Amieira (bom!)

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sábado, 21 de setembro de 2013

Hotéis de 6 estrelas

Se imaginasse o que era ficar num hotel de 6 estrelas, pensaria talvez num quarto em frente à praia, com uma paisagem fabulosa! De preferência o hotel seria só para nós, um hotel privado, e já agora num local privado também, sem casas ou pessoas à volta. Ok, poderia haver animais (gosto de sentir a natureza por perto), e os ruídos da natureza ouviam-se dentro do quarto de noite, incluindo as ondas da água, as corujas, o vento. Ahh, e claro que queria estacionamento privado para o meu veículo mesmo à porta do quarto.  Para os nossos filhos, imaginaria um hotel com muito espaço, onde pudessem brincar à vontade, por exemplo ter uma varanda do quarto que desse diretamente para fora, e pudessem brincar na rua sem medo que fossem atropeladas ou de outros perigos - como a praia estava mesmo em frente, teríamos só que ter algum cuidado para não irem sozinhos para a água.

Foi mais ou menos um hotel desses que tivemos nos dois locais seguintes onde passámos, primeiro a Barragem do Alvito e depois a Barragem do Alqueva, simplesmente acampando à beira do rio, isoladamente do Mundo.

Como o Alentejo é habitualmente muito quente no Verão, tínhamos planeado pedalar com a alvorada e ao final da tarde. Tivemos sorte porque nesta semana o Alentejo não estava tão quente como isso, e acabámos por pedalar a qualquer hora. Isto facilitou muito a logística, porque começar a pedalar com a alvorada não era nada fácil. Arrumar a bagagem toda, incluindo todos os acessórios dos miúdos, ao mesmo tempo que temos que nos preocupar com o pequeno-almoço deles, pode levar algum tempo. Claro que podíamos ter apurado a técnica, mas as condições climatéricas desta vez não o exigiu.

Pré-pequeno-almoço do Manuel e Vasco no Varandas do Montado, Alcáçovas

Saímos de Alcáçovas pelas 11 e meia, após um pequeno almoço relaxado no café mais próximo e mais uns mergulhos na piscina. A meio caminho para a Barragem do Alvito havia Viana do Alentejo, onde íamos parar para almoçar, visitar o castelo e passear um pouco. Foram 18 km e não parámos até lá. Àquela hora estava calor e chegámos com sede.

Em Viana do Alentejo
Almoçámos num restaurante muito barato e bom (Churrasqueira  3 Bicas), onde comemos tanto que a perspetiva de continuar a pedalar de tarde parecia complicada.
Água, muita água!
Viana do Alentejo é uma vila bonita, com um castelo muito bem tratado e boa informação para turistas. Éramos as únicas pessoas por lá, e o senhor que toma conta daquilo descreveu-nos os principais pontos de interesse e foi abrir a porta da igreja para podermos vê-la. Depois do pequeno passeio a perspetiva de pedalar de barriga muito cheia já não era tão horrível e continuámos rumo à barragem.

No castelo de Viana do Alentejo
As bicicletas portavam-se bem com toda a bagagem. A minha e a da Filipa são bicicletas de montanha dos anos 90, ainda com algum equipamento original. O quadro destas bicicletas é particularmente bom e continua a ser bastante utilizado. É em aço, muito durável, mais confortável que o alumínio, sem tanta necessidade de amortecedores que pesam e podem ser uma preocupação adicional. Mas obviamente, não se vai tão descansado como com uma bicicleta mais nova e com garantias de qualidade... Sendo que fui eu, não exatamente um profissional, quem instalou a maioria do equipamento de gama não elevada.

Bicicleta carregadinha (o material aguentaria?)
Tinha delineado um percurso junto à barragem para irmos ver o local e, se gostássemos, acampar ali. Fiquei espantado quando, mais uma vez, o caminho estava bloqueado por um portão. Era propriedade privada, apesar de os mapas online o indicarem como um percurso possível. Depois da má experiência na Ribeira de S. Brissos, senti-me definitivamente revoltado por não se poder aceder livremente a um local interessante como é a Barragem do Alvito. Olhei melhor para a placa no muro ao lado do portão e vi que além do texto "Propriedade privada - entrada reservada a veículos com autorização do proprietário", havia um número de telefone escrito a caneta. Telefonei decidido a entrar. Atendeu uma senhora, que perguntou se íamos pernoitar ali, ao que respondi que estávamos a pensar nisso, e indicou-nos que poderíamos entrar por outro portão mais adiante. Interessante, esta forma informal de se poder visitar as coisas. Ficamos agradecidos aos proprietários, que deixam pessoas usufruir daquele local.

A telefonar ao proprietário pedindo autorização para entrar (Barragem do Alvito)
Já dentro da propriedade
O caminho de terra levou-nos pelo meio de um olival até outra cancela que apenas dizia "Feche" e depois finalmente à barragem. A Barragem do Alvito aparece como um oasis e projeta a beleza do Alentejo com a mistura do azul com o amarelo torrado do terreno e o verde escuro das oliveiras e azinheiras. Ao contrário de outras barragens (como no Alqueva, Zêzere ou Douro), o terreno é suficientemente plano para se conseguir ver o horizonte além das margens da água, dando essa impressão de oásis.

O caminho para o local em que tinha imaginado pernoitar estava invadido de vacas numa passagem junto à água. A Filipa, que tem medo de bichos em geral, recusou-se a atravessar a manada. Tentei ponderar se seria seguro fazê-lo, e tendo em conta que nunca tinha ouvido falar numa vaca a fazer mal a uma pessoa - exceto um caso na Índia que correu Mundo - achei que sim, mas a Filipa foi inflexível e ficámos por ali. O local tinha um aspeto paradisiaco e era adequado para montar tenda. Decidimos ficar.

Lá ao fundo, as vacas a "tapar" o caminho. "Nem pensar passar por ali!" dizia a Filipa

A sondar o terreno para o banho. As ervas não faziam mal
O Manuel e o Vasco foram direitinhos para a água. Eu tive que ir buscar a bagagem às bicicletas, que estavam relativamente longe porque havia uma vegetação com picos no chão e não quis arriscar ter furos (este "hotel" ainda não era dos com estacionamento privativo ao lado do quarto).

Bicicleta afastada dos picos
Montámos a tenda enquanto os miúdos brincavam por ali. Corriam e arranjavam brincadeiras com paus e pedras que apanhavam ou outros objetos do campismo. A sensação de liberdade era tremenda. Depois de um banho no rio fizemos o jantar e comemos. Como vínhamos de bicicleta, tivemos que poupar o mais possível na tralha, e os apetrechos para acampar estavam reduzidos ao mínimo, sem cadeiras, sem mesas, apenas um fogareiro pequeno... Mas demo-nos bem. Basta um prato e talheres para cada um, e tá feito. Até tem a vantagem de não sujar toalha e mesa, e acreditem que o Vasco trata de o fazer em qualquer local onde coma. A simplicidade tem vantagens.

A jantar

Preparados para dormir, a Lua ao fundo sobre a Barragem do Alvito
Já não acampávamos desde o Verão passado e não sabíamos como eles iam passar a noite. Correu sempre bem, talvez por gostarem de dormir no mesmo espaço que nós, o que normalmente não acontece. O Manuel adora acampar e nunca teve problemas em dormir em tendas. O Vasco, exausto, aninhava-se no seu canto. Quanto ao conforto, tínhamos comprado daqueles colchões individuais que se enchem por si próprios e que pesam e ocupam suficientemente pouco espaço, que cumpriram a sua missão.

Acordar naquele local foi esplendoroso. A paisagem matinal era linda e, isolados do mundo, parecia que estávamos numa terra distante paradisíaca. Só para nós.  Sim, gostamos muito de pessoas mas, vivendo na cidade, por vezes sabe bem o isolamento. As vacas outra vez por perto faziam-nos companhia.

Primeira visão do dia

Desmontámos as coisas e montei a bagagem. Partimos rumo ao Alqueva.


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terça-feira, 3 de setembro de 2013

Incertezas ou certezas?


Mês de voltar a colocar os pés na terra, de voltar ao mundo real, de fazer balanços e seguir em frente...
Começam os primeiros "estalos", o "acorda para a vida", que o meu filhote me diz... Sou obrigada a fazer uma análise do que deveria ter feito e do que está por fazer... e não gosto do que vejo, não gosto de me ver assim. Exteriormente, fiquei aquém de vários objectivos, se os nomeasse seria uma lista mesmo muito extensa mas, interiormente diria tal como o meu filhote quando cai e se levanta rapidamente: "eu estou bem"! E agora? Agora, é manter as certezas no coração...

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

De partida: a felicidade, a incerteza, e O Efeito

Quando começámos a pedalar em Casa Branca, o dia estava quase no fim. Não tínhamos conseguido organizar a carga toda a tempo do comboio das 9 e 50. Na verdade, só conseguimos terminar de organizar as coisas, para tirar umas fotografias da partida, 5 minutos antes de termos sair de casa para ir apanhar o comboio das 16 e 50. Somos desorganizados e normalmente atrasamos-nos para tudo! O ano passado só partimos para férias um dia depois do previsto... Desta vez até tinha feito com antecedência um plano de ação detalhado da logística preparatória, mas uma semana de trabalho complicada e um casamento no dia anterior fizeram com que a preparação não tivesse sido suficiente.

Há também a logística de meter e tirar bicicletas, atrelado, e bagagem, no comboio. Sendo um Inter-Cidades, só permite levar as bicicletas "desmontadas e acondicionadas". Tinha planeado detalhadamente todas as operações. Conseguia meter as duas bicicletas dentro de um saco, mas além das rodas era preciso tirar pedais, selins e pára-lamas. No total, entre transportar e (des)montar bagagem e bicicletas, demorei uma hora em cada extremo da viagem. Como a Filipa tinha que ficar com os miúdos, sobrava também para mim a tarefa de os pôr/tirar tudo do comboio, o que numa estação não terminal (Casa Branca) se antevia um problema. Felizmente os passageiros e o revisor esperararam pacientemente, mas não se pode dizer o mesmo das minhas costas!

As costas doridas fizeram-me lembrar os primeiros tempos a andar em bicicleta pela cidade. Há dificuldades! O corpo queixa-se. Há coisas que fazemos e pensamos, "nahh eu não estou pra isto." Mas que depois, se formos persistentes, se tornam fáceis... Prova superada!

Andar de comboio é bom. Em família habituada a viajar de carro, é especial. Os miúdos vão à vontade. Saltam pelos bancos, olham pela janela, caminham ao longo do corredor, e de carruagem em carruagem. Conversamos à mesa. Claro que dá mais trabalho, eles andam à solta! Mas a viagem marca. Se a andar de bicicleta se "viaja", a andar de comboio brinca-se e convive-se.



Dizia que começámos a pedalar apenas às 19.15. Os primeiros minutos foram de êxtase misturado com preocupação. Havia algumas incertezas: incerteza sobre se o equipamento se ia portar bem nos primeiros minutos de andamento. Incerteza sobre se a aventura ia correr pelo melhor. Incerteza sobre onde dormir nessa noite... Apesar das preocupações, conseguimos gozar o momento. "yeeaahhh!!! estamos a começar a nossa grande viagem!!!", consegui libertar.



Naquela noite, como nas outras, não tínhamos reservado dormida. Íamos preparados para, em último caso, acampar onde fosse preciso. Não o iríamos fazer levemente - nunca tínhamos acampado selvagem com os miúdos, e nunca o tínhamos feito antes sem ter o local estudado. Era um último recurso, mas dava uma certa tranquilidade de, se tudo corresse mal, termos uma tenda para dormir e comida para comer.

A primeira possibilidade nessa noite era ficarmos em Alcáçovas, a 13 quilómtetros. Na minha cabeça havia uma segunda possibilidade, na verdade uma vontade, que era ficarmos numa ribeira (Ribeira de S. Brissos) com que nos íamos cruzar ao fim de 7 quilómetros. Quando passámos por ela, era ainda mais bonita do que parecia na vista do Google Maps. Assim confirmei a minha vontade de ficar, e o Manuel já só falava em ir tomar banho. Tinha a ideia prévia de experimentarmos fazer bivaque logo no primeiro dia, para termos essa experiência num local que eu já tinha estudado, e ficarmos com uma melhor noção sobre se estávamos dispostos a repetir a experiência no resto da viagem. A Filipa estava bastante mais renitente, compreensivelmente!

O assunto ficou resolvido por fatores externos. O tipo de aproveitamento do solo em grande parte do Alentejo determina que os seus grandes terrenos sejam vedados em toda a extensão. Podemos andar quilómetros e quilómetros com uma vedação em ambos os lados da estrada. Ao contrário do que eu esperava, aquela ponte sobre a Ribeira S. Brissos também lá tinha a vedação nos quatro pontos de passagem possíveis.

Seguimos para Alcáçovas. Não faltava muito para anoitecer e não tínhamos local para ficar. Eu tinha encontrado na net o contato de um local para dormir, de orçamento acima do que queríamos gastar, mas que decidimos ainda assim usar para não termos que chegar tarde e sem sabermos onde passar a noite.

Há cinco anos, no extremo Oriente da Turquia, numa povoação remota junto ao Monte Ararat, tivemos uma daquelas experiências que normalmente só se vêm em filmes. Ao entrar na aldeia apareceu-nos uma dezena de crianças para nos ver, sorrir, e correr atrás de nós - porque éramos estrangeiros, ou porque vínhamos num automóvel, talvez as duas coisas, não sabemos bem. Esse momento marcou-nos particularmente nessa viagem. É daquelas coisas que já não é possível experienciar aqui em Portugal há várias décadas... exceto se se andar a viajar em bicicleta com um atrelado e crianças pequenas!

Alcáçovas foi a primeira povoação por onde passámos na nossa viagem, e o impacte da nossa presença foi evidente. Um senhor aplaudia à porta de uma loja. Mais à frente outros comentavam à nossa passagem, "Vão dois!" Quando finalmente perguntámos a alguém na rua onde era a localização do nosso local para dormir, sentimos definitivamente O Efeito!... Rodeados por todos os lados de senhoras de idade, tentávamos explicar-lhes as maravilhas daquele modo de viajar. No dia seguinte, a dona do empreendimento em que ficámos, a quem não chegámos a ver, telefonou-nos de propósito para nos dizer que se tinha cruzado connosco na estrada no dia anterior (ia a caminho de Lisboa), que tinha ficado muito feliz por termos dormido no seu empreendimento, e que podíamos usar a piscina o resto do dia todo (Varandas do Montado, recomenda-se!). Alcáçovas é uma vila muito bonita e interessante, mas acabou por ser O Efeito que mais nos marcou na passagem por ali.

Em vez do campismo selvagem, calhou-nos um fantástico duplex com piscina e vista para os montes do Alentejo!!   "Estamos a habituar-nos muito mal para o resto da viagem", comentei com ironia à Filipa. Ele respondeu que não, e veio a verificar-se que tinha razão...



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domingo, 25 de agosto de 2013

A chegada!

Era Verão de 2005, numa encosta bastante inclinada de uma montanha de Andorra, e o Zé Carlos, com uns sapatos de vela calçados, atirava-se às pernas da Filipa para evitar que ela continuasse a escorregar pela encosta abaixo. Encontrávamos-nos a acampar 500 metros de altitude abaixo, e a seguir ao almoço tínhamos decidido experimentar subir ao pico da mesma montanha. Estávamos de tal forma impreparados e inconscientes em relação ao desafio, que a Filipa nem se lembrou de mudar de sapatos. Mais acima, perante as dificuldades, o Zé trocou de sapatos com ela para a ajudar. Não conseguimos chegar ao topo. Aliás, por pouco não tivemos que passar a noite lá em cima, porque era quase de noite e tínhamos perdido o trilho de onde tínhamos partido. Por sorte, encontrámos outro trilho que nos levou, já pela noite dentro, à estrada que ia dar ao nosso parque de campismo.

Mais ou menos 8 anos depois, estava o Zé Carlos na varanda de casa dele em Faro a bater palmas e a assobiar! Éramos nós a chegar da nossa "grande" viagem em bicicleta, entre Casa Branca e Faro, com os nossos dois filhos pequenos. A finalização da viagem em casa do Zé tinha algo de simbólico. Foi juntamente com ele que, depois da subida atabalhoada àquela montanha, comecei a sonhar realizar grandes aventuras de exploração da natureza. Sonhos irrealizados para mim, mas entretanto realizados por ele... A mais recente tinha sido há 2 meses no Evereste. Quando me contou acerca desta, como de outras histórias, lá me queixava eu que ter filhos era espetacular mas que me impedia de fazer certas coisas, como fazer viagens mais aventurosas.

"Invejo-vos, quero fazer o mesmo!" Disse o Zé quando lhe contei ao telefone os nossos planos. Viajar de bicicleta em Portugal com crianças é muito pouco comum, o que lhe atribuía uma certa sensação de pioneirismo (e uma incerteza um pouco desconfortável), mas ter um homem de aventuras a dizer que nos invejava dava-lhe um sabor especial...



Poucos minutos antes de chegarmos a casa do Zé e da Tânia, pela primeira e única vez na nossa viagem de 315 quilómetros cruzámo-nos com outros cicloturistas! Acenámo-nos mutuamente, tão entusiasmados com a presença de outros cicloturistas como contidos no aceno. Era um casal um pouco mais jovem que nós. Pelo equipamento que traziam, deviam ser também principiantes. Poderíamos ter sido nós poucos anos antes, se a bicicleta tivesse vindo ao nosso encontro mais cedo. Imaginei que, ao cruzarem-se connosco ali, isso tivesse ajudado a tirar-lhes aquela ideia de que depois de se ter filhos acabam-se os outros prazeres, e se tivessem decidido nessa noite a ir em frente!

O facto de, em pleno início de Agosto, apenas nos termos cruzado com os primeiros ciclistas viajantes ao fim de 3 centenas de quilómetros, indica que os caminhos por onde andámos são pouco comuns entre cicloturistas. Uma escolha de percurso realizada por critérios pouco convencionais levou-nos efetivamente a locais que não são dos mais trilhados. Em diversos caminhos, paralelos à fronteira com Espanha, andávamos muitos quilómetros sem ver vivalma, numa sensação de fim do Mundo.

Naturalmente que, se ver cicloturistas por aqueles lados já deve ser algo digno de registo, tornávamos-nos definitivamente o centro das atenções quando os curiosos espreitavam para dentro do nosso Croozer e viam lá dentro o Manuel e o Vasco! Um conjunto de velhotas à nossa volta (acontecimento repetido): "Nunca tinha visto uma coisa dessas. Que amores que eles vão!" "Ah eu vi uma coisa dessas no outro dia na televisão, era um senhor que levava os filhos à escola" (Seria certamente o Gonçalo Peres! Pela quantidade de gente que nos falou da reportagem, ela fez chegar a bicicleta em família a casa das pessoas!) "Mas vão com isso assim daqui ao Algarve??!" Aqui notava-se uma certa dúvida sobre a nossa lucidez... "Vai-se bem, não fazemos demasiados quilómetros por dia, as dificuldades existem mas ultrapassam-se. Os miúdos gostam!" Elas, com a voz emocionada: "Vão com Deus. Muitas felicidades para vocês!!" E lá seguíamos, eu e a Filipa com o conforto no coração que isto dá, o Manuel aliviado das atenções excessivas, e o Vasco a tentar processar tudo isto.


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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A Primeira Vez (by João)


Nota: A Filipa desafiou-me a vir ao blog dela colocar a minha perspetiva dos acontecimentos! Aqui ficaram as minhas impressões sobre o pré-viagem :) Entre mim e ela, hão-de vir mais sobre a viagem.



Quando despertei para o turismo em bicicleta parecia já ser tarde de mais. Tínhamos agora dois filhos, e viagens longas em bicicleta pareciam uma miragem, talvez possível de realizar quando eles tivessem 18 anos e fossem à sua vida. A viagem que tinha feito o Verão passado em dia e meio entre Tróia e Aljezur seria o mais longe que normalmente conseguiria ir, talvez umas poucas vezes por ano. A desilusão com o tempo perdido não era pequena... afinal, tinha subitamente descoberto que “viajar” tinha que ser feito em bicicleta. Andar de carro não era bem “viajar”, apenas deslocar-me de um lado para o outro. Já em bicicleta segue-se a velocidade suficiente para apreciar o caminho, observar pormenores, parar e falar com alguém, sentir o ar na pele e os cheiros, ouvir os ruídos da natureza, pensar... Tive a sorte de poder viajar em quantidade razoável, mas podia ter “viajado” tanto mais. “Se soubesse o que sei hoje...”, pensei.

Não foi preciso procurar muito para conseguir evitar vir a dizer esta frase pela segunda vez. Tinha ouvido falar de histórias de famílias que percorriam continentes inteiros com os filhos. Primeiro imaginei os pais como ideólogos destravados e irresponsáveis. Depois de pesquisar um pouco mais percebi que para bastante gente aparentemente responsável viajar com filhos pequenos era normal. A viagem do Gonçalo Pais com o filho entre Lisboa e Badajoz abriu-me os olhos. Mas o Guga (7 anos) já pedalava o suficiente para as distâncias (e para a respetiva carga), e os meus tinham 18 e 42 meses. Não há problema, desde que os consigamos levar connosco, o que para nós já não era novidade... todos os dias para a escola, e em pequenas viagens de lazer. Comparativamente a outras grandes viagens, uma viagem em férias em bicicleta com a família parecia ser possível sem ser uma enorme tormenta.

Ainda antes de ter bem assente o meu sonho, foi a Filipa a colocá-lo num patamar realista ao falar-me de irmos fazer uma viagem de uns dias! Tornou-se um sonho realista e a dois.

Iria ser primeiro um passeio curto, de 3 ou 4 dias. Mas os meses passaram e chegaram as férias de Verão de 2 semanas. Confrontámo-nos com a ideia de as fazer em bicicleta e mais uma vez a Filipa não teve dúvidas em avançar.

A preparação da viagem nas semanas anteriores teve para mim um sabor daqueles que só se tem quando é a primeira vez que se faz alguma coisa nova e excitante! É um sentimento de ansiedade pelo começo, mas também de alguma incerteza e de exploração. Questões primárias que se colocam pela primeira vez. Quantos quilómetros podemos fazer por dia. Que tipo de percurso fazer? Será que aguentamos tantas noites a dormir em sítios diferentes. Que quantidade de carga podemos levar e onde? É preciso calibrar tudo isto - ainda mais com crianças - e existe uma dose de incerteza elevada devido à grande falta de experiência. É uma espécie de salto para o desconhecido que causa uma ansiedade boa.

Depois de pensar em várias hipóteses decidimos partir do médio Alentejo rumo ao Algarve, passando por diversos pontos de interesse. O motivo da escolha inicial foi a possibilidade de passarmos em duas casas de amigos. Mais tarde percebi que não seria viável passar na dos primeiros (em Ciborro) por ser demasiado a Norte para a distância que poderíamos percorrer, e que os segundos eventualmente não estariam por lá (Ficalho) na altura em que íamos passar. Mas já me tinha vinculado emocionalmente àquele percurso e aos seus pontos de paragem, e já não queria trocá-lo por outro.

O caminho teria que ter pontos de interesse para os miúdos. Havia que lhes ir dando motivos especiais de prazer entre as viagens! Como ambos adoram água, apontei para rios e barragens. Também nos ia saber bem a nós entre as pedaladas e o calor do Alentejo! Íamos então passar pela Barragem do Alvito, pela do Alqueva, pelas praias da Mina de São Domingos, pelo rio Guadiana, e finalmente pelo Algarve. Pelo meio várias povoações interessantes - gelados e castelos eram particularmente apelativos para o Manuel! Alcáçovas, Viana do Alentejo, Portel, Moura, Vila Verde de Ficalho, Pomarão, Sanlúcar de Guadiana, Alcoutim... Chegados ao Algarve logo se veria, talvez ir até casa de um amigo em Faro.

À parte o percurso traçado, não planeámos demasiado quando e onde íamos passar e dormir. Tinha que ser sem pressões. Não sabíamos quantos quilómetros seria viável percorrer diariamente sem se tornar um sacrifício. Se chegássemos em 10 dias ao Algarve seriam cerca de 25 km por dia em média, mas alguns dias tencionávamos não pedalar. Era uma distância aparentemente curta, mas não sabíamos como ia ser com os miúdos e muito peso. Além disso, o Alentejo, apesar de relativamente plano, prometia calor, muito calor! A ideia era pedalar com a alvorada e ao final da tarde...


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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

2 semanas depois...


Estamos de volta!!

Chegamos ontem a Lisboa após 2 semanas em que pedalamos desde Casa Branca até Faro. Conseguimos!!! E o mais incrível é que nem custou assim tanto, foi tão natural, tão bom, fez tanto sentido para nós que talvez por isso, tudo tenha corrido de forma tranquila, não existiram quedas, os miúdos e nós estivemos sempre bem e nem um furinho para mais tarde contarmos a história... houve sim alguma aventuras e afins... essas, em parceria com o João, em breve vamos contar.


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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Família Bernardino On the road 2013. Preparativos



Não sei como surgiu a ideia, acho que foi a junção de várias coisas e também das inspiradoras palestras que tenha assistido sobre viagens em bicicleta , destaco a viagem do Gonçalo Pais, que foi com o seu filhote de 7 anos de Lisboa a Badojoz e a Tânia e o Rafael que foram de Ovar até a Macau. 

Estamos, então de partida para a nossa primeira viagem de longo curso de bicicleta! Saímos de  Lisboa e o nosso objectivo é chegar até Vila Real de Santo António (Algarve), vamos de comboio até Casa Branca (Alentejo) e a partir daí vamos a pedalar, passando pelo Alqueva, Vila Verde de Ficalho e outros locais. O João, para além de estar a preparar o itinerário, começou a fazer listagens de tudo o que iríamos precisar e estabeleceu prazos para cada um cumprir, como sempre eu não os cumpri. Mas, vai correr tudo bem, a parte mais difícil, que foi escolher a roupa que os miúdos vão levar, a minha, toalhas e roupa de cama, já está feita e também já interiorizei que vou ter de lavar roupa.

Na verdade antes de outra coisa qualquer a primeira coisa que me lembrei foi pedir para nos fazerem umas tshirts, para a nossa viagem, acho que ficaram bem giras!



Dado que não é muito habitual uma família com 2 filhos pequenos, fazer uma viagem de bicicleta que julgo vão ser de cerca de 160 km, ainda por cima no Alentejo, em pleno Verão e onde também iremos acampar, as reacções dos outros têm sido de estranheza, para não dizer outra coisa. Algumas vezes dou por mim a ficar calada (coisa extremamente difícil na minha pessoa) e a sorrir... Porque directa ou indirectamente, tenho sido bastante criticada, têm posto em causa a minha responsabilidade como mãe, o meu dever de zelar pela saúde dos meus filhos, etc.

Fico calada, porque o mais importante para mim é aquilo que eu sinto e o que faz sentido para mim. É a minha confiança que como mãe, estou a fazer o melhor que sei e a tranquilidade de saber que até agora tenho feito um bom trabalho, diria mesmo excelente! Sou muito melhor mãe e somos muito melhores pais, do que alguma vez os meus pais foram. 

Neste momento não preciso de exteriorizar, de defender a causa, de querer que todos compreendam e apoiem. Preciso é de fechar os olhos e sentir o coração bater de felicidade, sentir o corpo encher-se de energia, por saber que em breve estaremos os 4, em sintonia, a respeitar os ritmos e os limites de cada um, em que estaremos virados só para nós. 

Sim, as pernas vão doer, vai estar calor e vão haver coisas que não vão correr bem... depois estarei cá para contar como foi...

                                                                                       Seguinte: 2 semanas depois...



segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sevilha&Filhotes


No inicio de Junho fomos a Sevilha! 

A decisão foi tomada apenas uns dias antes e talvez por essa imprevisibilidade tenha sido ainda melhor. O João foi em trabalho e eu fiquei com os miúdos durante o dia. Ele queria levar as bicicletas e afins, porque segundo ele Sevilha é uma cidade onde se pode perfeitamente circular sem problema. Eu, só de pensar na logística de as transportar no automóvel, com a toda a confiança (ou não), afirmei que me deslocaria de transportes públicos.

Antes de ir fiz uma pesquisa mesmo muito breve de alguns sítios para ir com crianças e dei com isto: Jardins de MurilloPlaza de España e Parque María LuisaSão de facto sítios fantásticos para ir com os miúdos.

Tivemos a sorte de ficar na Alameda de Hercules, um verdadeiro paraíso! Uma avenida onde não passam automóveis, cheia de esplanadas, parques infantis e que desde as 16h00 até 22h00, fica atolada de pais, crianças e vá bicicletas!


Também tinha espectáculos de rua (gratuitos) para as crianças assistirem!



Conhecer (no meu caso rever) uma cidade com os meus filhotes foi maravilhoso, digo mesmo libertador! Porque sabia que tinha de aproveitar ao máximo cada momento, a qualquer altura uma birra ou outra coisa poderia acontecer, dar uma importância a tudo (exemplo: "Já viste filhote, as pessoas aqui falam de outra maneira". "Olha aquelas janelas tão giras."), para a visita ser muito interessante e memorável e finalmente viver aquele momento de estarmos os três bem juntinhos...

Sevilha aos olhos dos meus filhos, acho que se revelou como um parque infantil gigante, pelo menos por onde circulei, parecia que havia um em cada esquina. Os sítios que visitamos foram sobretudo parques, praças, no fundo o meu grande objectivo foi deixá-los BRINCAR.


Parque infantil 1



                                                                                            Parque infantil 2

Plaza de España

 Parque María Luisa 1

 Parque María Luisa 2


 Parque María Luisa 3

Andamos de autocarro e eléctrico, ainda perguntei o preço para andarmos de coche para a minha bolsa era impossível... Mas, como podem ver pelas fotos, não se revelou necessário...


As refeições foram o que foram... croquetes de jamon, hambúrgueres, batatas fritas, fruta enlalatada,etc mas, no geral até acho que não correu mal....





Adorei Sevilha e sobretudo adorei conhecê-la aos olhos dos meus filhos. Sinto que esta foi a primeira de muitas aventuras, só nossas, ao nosso ritmo, à nossa maneira!