quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Perfeição


Durante muito tempo não esperei (e não esperavam) outra coisa de mim, que não fosse perfeição.

Quando estou a pedalar esse "registo de perfeição" ainda se activa, acho que tenho ser um modelo de perfeição, o chamado "role model", porque penso que o meu comportamento pode influenciar o outro. Por vezes, também me julgo pertencente a uma elite superior muito mais inteligente, sábia e moderna e não compreendo porque é que as pessoas não utilizam a bicicleta como veículo utilitário se esta só traz benefícios!! QUE HORROR!! QUE PARVA!!

Felizmente cada vez me liberto mais deste registo e me aceito como sou. Pedalo porque para MIM isso faz sentido. E no outro dia estalou-me o verniz e fui eu mesma, quando um condutor me exigia que fosse para a faixa "Bus". Eu gritei cheia de raiva e completamente fora do modelo da perfeição: "Vai mas é passear!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Diversidade





Quando era adolescente uma das coisas que mais ouvia em campanhas relacionadas com racismo era a frase: "Todos diferentes, todos iguais."

Sistematicamente esquecemo-nos que somos todos pessoas, todos temos sentimentos, emoções, gostos, preferências, família, amigos, etc. E também sistematicamente procuramos estar inseridos num grupo, dentro de uma caixa bem fechada, somos por vezes uns cordeirinhos... perante a diferença, assumimos um comportamento de defesa, criticamos, desprezamos...

No Domingo passado fui à minha primeira "Bicicletada", a bicicletada de Santa Iria e adorei! 

Adorei precisamente a diversidade e o facto de me ter obrigado a despojar da forma das coisas e focar-me no seu conteúdo. Somos todos pessoas e somos todos o espelho de cada um de nós.



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Uma miúda moderna

"Ora aqui está uma miúda moderna!"
A expressão que eu devo ter feito quando ouvi uma vizinha fazer este comentário deve ter sido semelhante à do meu filhote Vasco na fotografia em cima. 

Vou contextualizar:

Ando numa fase em que não tenho pedalado muito, todas as desculpas tem servido para não o fazer. Como referi em alguns dos outros textos, pedalar, para mim implica estar em contacto comigo, pedalar obriga-me a olhar para o meu interior, pedalar força-me a ter tempo para reflectir. 

Tenho sentido alguma tristeza e desconforto que resisto em manter congelados dentro de mim em vez de os descongelar (pedalar de certa forma ajuda-me neste processo) e deixar entrar outros sentimentos muito mais agradáveis.Tem sido de tal forma que o meu corpo envia-me sinais por todo lado, cansaço, fadiga e foi ainda mais longe quando senti um aperto no coração. Aí teve mesmo de parar. Parar para sentir e perceber o que se está a passar comigo. O que se passa comigo é tão simples como aceitar que ás vezes estamos tristes (pelos mais diversos motivos) e que temos de nos entregar a essa tristeza  e que isso é tão natural como estarmos felizes. 

Ora, estava eu neste estado a entrar no meu prédio com a bicicleta quando a minha querida vizinha, com um grande sorriso nos lábios me disse: "Ora aqui está uma miúda moderna!"

Eu fiquei sem palavras, acho que devo ter sorrido e agradecido. 

Miúda?! Estou a 21 dias de fazer 33 anos, as brancas já aparecem e a idade por vezes já pesa.
Moderna?! A roupa que trazia vestida tem entre 5 a 10 anos (não estou  a brincar), não tinha qualquer tipo de acessórios ou adereços. Ou tinha? Tinha! A bicicleta.

Julgo que a vizinha de alguma forma conseguiu entrar em contacto com o meu coração e perceber que este sorria, pois estava um pouco mais leve, tranquilo e mais feliz depois de termos ido pedalar. E estamos!