sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Uma miúda moderna

"Ora aqui está uma miúda moderna!"
A expressão que eu devo ter feito quando ouvi uma vizinha fazer este comentário deve ter sido semelhante à do meu filhote Vasco na fotografia em cima. 

Vou contextualizar:

Ando numa fase em que não tenho pedalado muito, todas as desculpas tem servido para não o fazer. Como referi em alguns dos outros textos, pedalar, para mim implica estar em contacto comigo, pedalar obriga-me a olhar para o meu interior, pedalar força-me a ter tempo para reflectir. 

Tenho sentido alguma tristeza e desconforto que resisto em manter congelados dentro de mim em vez de os descongelar (pedalar de certa forma ajuda-me neste processo) e deixar entrar outros sentimentos muito mais agradáveis.Tem sido de tal forma que o meu corpo envia-me sinais por todo lado, cansaço, fadiga e foi ainda mais longe quando senti um aperto no coração. Aí teve mesmo de parar. Parar para sentir e perceber o que se está a passar comigo. O que se passa comigo é tão simples como aceitar que ás vezes estamos tristes (pelos mais diversos motivos) e que temos de nos entregar a essa tristeza  e que isso é tão natural como estarmos felizes. 

Ora, estava eu neste estado a entrar no meu prédio com a bicicleta quando a minha querida vizinha, com um grande sorriso nos lábios me disse: "Ora aqui está uma miúda moderna!"

Eu fiquei sem palavras, acho que devo ter sorrido e agradecido. 

Miúda?! Estou a 21 dias de fazer 33 anos, as brancas já aparecem e a idade por vezes já pesa.
Moderna?! A roupa que trazia vestida tem entre 5 a 10 anos (não estou  a brincar), não tinha qualquer tipo de acessórios ou adereços. Ou tinha? Tinha! A bicicleta.

Julgo que a vizinha de alguma forma conseguiu entrar em contacto com o meu coração e perceber que este sorria, pois estava um pouco mais leve, tranquilo e mais feliz depois de termos ido pedalar. E estamos!




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